(CURIOSIDADE) Mercedes-Benz T80

por Tiagofracasso Qui 15 Mar 2018, 15:37

Hoje recuamos até aos anos 30, década em que nascia «supostamente» o Mercedes mais rápido de todos os tempos.

Diogo Teixeira

Os anos 30 foram uma época prospera em inovações tecnológicas. O mundo conhecia um crescimento industrial massivo e as grandes potências mundiais entretinham-se a medir forças, quase em jeito de ensaios de guerra através de vistosas demonstrações de capacidade técnica e inventiva. Era o tempo do “eu sou o mais rápido; eu sou o mais potente; eu sou o mais comprido, o mais pesado e portanto é melhor teres medo de mim!”.
Uma febre de rivalidade entre nações à qual a competição automóvel não ficou imune. Mais do que uma competição entre marcas ou pilotos, a Fórmula 1 por exemplo, era acima de tudo um palco de rivalidade entre países. Como é óbvio, com Inglaterra, Alemanha e Itália a assumirem um protagonismo especial nestas «picardias».

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Quem diz que isto seria capaz de atingir os 750km/h?

Mas como as pistas convencionais não eram suficientemente grandes para o Ego(!) destas super-potências, em 1937 o Chanceler Alemão Adolf antigo ditador alemão decidiu entrar na corrida pelo «Land Speed Record». Uma competição que os ingleses e os americanos disputavam taco-a-taco.
Foi a convite de Hans Stuck, um dos mais bem sucedidos pilotos de automóveis do período que antecedeu a II Guerra Mundial, que Adolf, também ele um fervoroso adepto de automóveis, ficou convencido da necessidade de entrar nesta corrida. Deter o recorde de maior velocidade atingida no solo era a propaganda perfeita para o partido Nazi. Não pelo feito em si, mas pela demonstração de superioridade tecnológica que conseguiriam.
E Adolf antigo ditador alemão não fez a coisa por menos. Dotou o programa com o dobro do dinheiro que tinha disponibilizado para as equipas de F1 da Mercedes e da Auto-Union (mais tarde Audi).

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Era assim o esqueleto de um carro com 3000cv em 1939

O projecto arrancou assim em 1937 com a selecção da Mercedes enquanto marca subsidiária, e com Ferdinand Porsche como designer-chefe do projecto. À equipa juntar-se-ia também o projectista especialista em aviões e aerodinâmica, o Eng.º Josef Mikci responsável pela concepção da aerodinâmica do carro.
Ferdinand Porsche começou por imaginar uma velocidade máxima de 550 km /h, para pouco depois elevar a fasquia para os 600 km/h. Mas como os avanços tecnológicos naquela época eram quase diários, não é de estranhar que em meados de 1939, quase no final do projecto, a velocidade alvo fosse ainda maior: uns estonteantes 750 km/h!
Para atingir uma velocidade tão… astronómica(!) era necessário um motor com potência suficiente para contrariar o sentido de rotação do Universo. E assim foi, ou quase…

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Era neste «buraco» que alguém com uma coragem desmedida ia controlar os acontecimentos…

O mais próximo que havia disso naquela altura era o motor-propulsor Daimler-Benz DB 603 V12 invertido, derivado do motor da aeronave DB 601, que alimentava, entre outros, os modelos Messerschmitt Bf 109 e o Me 109 – uma das aeronaves mais letais do temido esquadrão aéreo da Luftwaffe (esquadrão que era responsável pelo patrulhamento das fronteiras alemãs). Um motor, no mínimo… gigante!
Os números falam por si: 44.500cc de cilindrada, um peso a seco de 910 kg, e uma potência máxima de 2.830 cv às 2.800 rpm. Mas nos cálculos de Ferdinand Porsche 2.830 cv de potência ainda não era o suficiente para chegar aos 750 km/h. E portanto toda a sua equipa técnica dedicou-se a tentar extrair mais algum «sumo» daquela mecânica. E fizeram-no até conseguir chegar à potência que consideraram suficiente: 3.000 cv!

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A nata da engenharia alemã, reparem nas rodas… 750km/h naquilo? Seria incrível!

A dar guarida a toda esta potência estavam dois eixos motrizes e um direccional. Na sua forma final o então apelidado Mercedes-Benz T80 media mais de 8m de comprimento e pesava umas simpáticas 2,7 toneladas!
Infelizmente no fatídico mês de Setembro de 1939 os alemães invadem a Polónia, e deu-se início à II Guerra Mundial. O resultou foi cancelamento de todas as actividades de desporto motorizado programadas na Europa, e consequentemente o Mercedes-Benz T80 nunca chegou a conhecer o doce sabor da velocidade. Acabavam aqui as aspirações alemãs de bater o record de velocidade em terra. Mas seria apenas a primeira de muitas derrotas não é verdade?

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Uma das poucas fotos a cores com as entranhas do T80

Mas o destino viria a revelar-se ainda mais negro para este monstro de 6 rodas. Durante a guerra, o motor foi-lhe retirado e o chassi foi transferido para a Caríntia, na Áustria. Sobrevivendo à guerra, o pobre T80 foi transferido para o Auto Museum da Mercedes-Benz em Stuttgart, onde ainda hoje pode ser visto, triste e apagado sem o seu monstruoso motor.
Ao longo dos anos muitos adeptos da marca alemã têm pedido à marca para restaurar o T80 com suas especificações originais e desta forma retirar todas as dúvidas quanto às suas reais capacidades. Será que iria atingir os 750km/h?
Mas até hoje a marca ainda não nos fez a vontade. E assim, amputado, permanece aquele que será eventualmente o Mercedes mais rápido de todos os tempos mas que nunca chegou a sê-lo. Será o mais rápido de sempre? Não sabemos… Guerra é guerra!

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O centro nevrálgico de todo o drama!

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Merecia melhor destino. Hoje é peça decorativa numa parede do museu da marca alemã

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